Este sou Eu...

Este sou Eu...
Clarice Lispector descreveu em seu livro "Sopro de Vida" o que melhor define o meu EU...

27.8.11

24.8.11

EDUCAÇÃO por Viviane Mosé - Café Filosófico


Palestra em DVD:


A escola fragmentada, dividida em disciplinas e grades curriculares, e, distante da vida dos professores e alunos, se deparar, a cada dia, com um mundo que faz perguntas cada vez mais globais e urgentes, como a necessidade de considerar o todo, o planeta, a cidade. 
Quais os desafios da educação no mundo contemporâneo?

Palestrante: Filósofa Viviane Mosé

EDUCAÇÃO
O que um aluno precisa saber? O que a escola deveria aprender antes de ensinar?
Rui Canário (professor de Lisboa): Vivemos em um profundo desenvolvimento tecnológico, entretanto numa proporcional imaturidade política e social.
A nossa escola produziu imaturos políticos e sociais.
Escola no Brasil até anos 50:
Reflexão e pensamento amplos, mas era elitista, voltada para poucos, para formar lideranças.
A educação era um favorecimento a determinadas pessoas, aos “melhores”.
Com a industrialização mudou isso, pois veio a necessidade de uma escola para todos, de massas.
A escola agora é como uma fábrica de pessoas para o mercado produz muito rapidamente o conhecimento como numa linha de montagem.
Escola de massa:
Segmentação e fragmentação
Falta de noção de todo.
Como reformatório, como prisão.
Escola militar;
Produziu passividade, disciplina.
Ausência de questionamento e crítica.
Repetição e não de criação de conteúdo.
Escola como prisão: Perdemos noção de conjunto, unidade, participação e de relacionamento.
Não é possível que a gente possa aprender a formar um ser humano se ele é isolado entre quatro paredes de uma escola que é fragmentada e passiva.
A escola de aula parece muito distante do mundo de verdade.
Idealismo platônico: Quanto mais o conhecimento é abstrato maior ele é. Valorização da ideia e não da vida.
Ética: É cuidar de si mesmo porque o si mesmo também é o outro.
Alienação: quando você produz algo que não tem nada a ver com a sua vida.
Qual é o sentido da educação?
Como a escola pode ensinar os alunos a pensarem por si mesmos?
O mundo não é o que a gente veio para se dar bem. A alegria é compartilhada. Por que esse isolamento, essa segmentação, se a alegria é compartilhada?
A escola nos forma pra quê afinal?
Como pensar o todo numa escola fragmentada?
Edgar Morin (sociólogo e filósofo): O saber fragmentado encontra hoje questões transversais, planetárias e globais.
Internet democratizou o pensamento.
O problema é que somos sujeitos fragmentados passivos que não tomam atitude.
A escola nos desprepara.
Precisamos reaprender a ver, ouvir e pensar.
O pensamento fragmentado afasta o ser humano da única coisa que existe que é a vida.
Qual seria a escola ideal para o mundo hoje?
A escola poderia ensinar a aprender.
Morin trata a educação como formação do novo cidadão, como política, como atuação na sociedade. É que temos que aprender a aprender e a escola tem que aprender também.
Nova educação: Professor não é aquele que ensina, mas o que estimula a aprendizagem.
Só aprendemos o que nos toca.
Educação hoje: Poder hierárquico que atrapalha a relação de conhecimento. Cria um abismo entre professor e aluno. Com as mudanças tecnológicas o professor não tem condição de saber mais que o aluno o tempo inteiro.
O professor é aquele que estimula o aprendizado, não é aquele que sabe tudo mas aquele que tem interesse por tudo. O professor não tem obrigação de dar conta do conteúdo e ninguém o tem.
Princípio de instabilidade – Morin: Todo saber é provisório.
A internet acabou com o gueto do conhecimento.
Pensamento: Quem acumula conteúdo, não pensa. Pensar exige o vazio. Só aprendo quando não sei.
Nova escola:
Princípio de estabilidade
Aprender a aprender
Retomar a reflexão e o vazio
Construir um ambiente democrático
Paulo Freire (educador): O porteiro da escola é educador e tem que ser tratado com respeito.
A escola tem que se relacionar com o seu em torno.
Pensar não é dar respostas.
Educação pela arte: Pessoas sensíveis esteticamente são pessoas mais éticas.
Rui Canário: A escola não é o problema da escola, é problema da cidade.
Ou criamos uma cidade educativa, ou nós não teremos nem cidade, nem sociedade, nem ser humano.

(Trechos da Palestra)

23.8.11

Michel Foucault - Corpos Docéis


As formas de controle
Sobre as formas de controle, Foucault insere o conceito de horário como forma de controle, e que deve ser útil, ou seja, o corpo tem que seguir um padrão de horário a fim de se estabelecer prazos e limites para as produções do mesmo. “Tática, ordenamento espacial dos homens, taxinomia, espaço disciplinar dos seres naturais; quadro econômico, movimento regulado das riquezas.” (Foucault: 1995, p. 136).
As mais diversas táticas de controle são aplicadas, o que faz com que um corpo destituído das marcas da cultura, um corpo exterior à história, é impensável.” Devido a um rigoroso processo de controle, os indivíduos são fabricados e tomados como objetos e agentes concomitantes. As mais variadas formas de controle passa-se a atuar em: classificar, observar, registrar e controlar tudo e todos num processo indefinido, levando até mesmo o “autor da arqueologia sobre o poder” (Foucault) a questionar: "Esta dificuldade - nosso embaraço em encontrar as formas de luta adequadas - não virá de que ainda ignoramos o que é poder ? Afinal de contas foi preciso esperar o século XIX para saber o que era exploração; mas talvez ainda não se saiba o que é poder. [...] Existe atualmente um grande desconhecido: quem exerce o poder ?" (FOUCAULT: 1992, p. 75).
Para Foucault, as formas de controle, tem como conseqüência o poder irradiando-se como uma rede que permeia todo o corpo social, produzindo diferentes pontos ou como diz Foucault, “campos de forças” que perpassa todo o corpo/cotidiano social não sendo por isso, localizado num ponto central. O poder se constitui enquanto "relações de forças.” E, de forma que; é possível então perceber o sentido de suas análises sobre os mecanismos, as técnicas e tecnologias de poder em funcionamento por todo o corpo social.

Podemos ver também, que, até mesmo a arquitetura é e pode ser pensada no que tange ao vigiar, ao controle, a repressão, a punição...

Ler este livro nos faz pensar no espaço historicamente construído para escola, e, 
não tem como deixar de fazer um paralelo reflexivo entre os espaços:
Escola  X  Prisão
opostos ou semelhantes
???????

Fonte em 23/08/11: pt.shvoong.com/law-and-politics/1718810-formas-controle-corpos-d%C3%B3ceis-vigiar/#ixzz1Z3yI6mHc

OLHOS AZUIS de Jane Elliot >>>>>>> apresentado pelo Sociólogo Eduardo Gianetti


Documentário em DVD Legendado:


"Olhos Azuis" ("Blue Eyes"), Documentário 93 minutos, 1996.

Olhos azuis, olhos castanhos: um exercício com Jane Elliott documenta o trabalho dessa professora, socióloga estadunidense que em resposta a intolerância racial que culminou no assassinato de Martin Luther King há 40 anos, iniciou suas experiências empáticas de educação para a igualdade racial em uma sala de terceira série primária.
Jane Elliott ganhou um Emmy pelo documentário de 1968 "The Eye of the Storm", em que aplicou o exercício de discriminação em uma sala de aula da terceira série, baseada na cor dos olhos das crianças. Hoje, aposentada, ela desenvolve workshops sobre racismo para adultos.

"Olhos Azuis" é o documentário sobre este trabalho e há cenas do documentário de 1968 e o emocionante encontro dela com seus alunos da terceira série já adultos e com filhos.


fonte em 23/08/2011 historiaemprojetos.blogspot.com/2008/07/blue-eyes-brown-eyes-olhos-azuis-olhos.html

4.8.11

Nietzsche Epecial - por: Viviane Mosé Café Filosófico - Exibido dia 29.03.2009


Palestra em DVD:

Viviane Mosé - A fragmentação do Ensino...


A fragmentação do ensino

A modernidade nos deixou como herança um enorme desenvolvimento tecnológico, possivelmente em função do investimento tecnicista dirigido aos alunos que apresentavam alto desempenho, mas nos deixou também um absurdo caos social, que deve resultar, entre outras coisas, do descaso com relação aos distraídos, desobedientes, impulsivos, mal vestidos.
O sonho do mundo moderno terminou por desabar sobre nossas cabeças, em forma de violência, aquecimento global, fome. A sociedade moderna, com seus projetos de futuro, acabou não beneficiando de fato ninguém, e desmorona em conseqüência de sua própria exaustão: diante da violência em grande escala e da iminência de desastres ecológicos, todos somos iguais.

Mas o simples fracasso deste modelo moderno de sociedade, que nos prometeu um futuro ordenado pela ciência, não significa que resultará uma sociedade menos desigual e mais justa. Mas, como a tecnologia produziu rachaduras irreversíveis no modo como a sociedade se organizava, uma brecha sem dúvida se abriu, um ponto de vazão, capaz de fazer ruir relações e conceitos opressivos, permitindo uma nova configuração de forças, e gerando novos acordos. Mas, para isso, precisamos ter coragem de rever valores e modelos, e o mais difícil talvez seja encarar o quanto obsoletos estão nossos saberes. Precisamos rever o modo como estruturamos nosso conhecimento, nosso pensamento, nossa educação.

É lugar comum, em nossos dias, apontar a educação como a saída para os impasses que vivemos. Mas será que a educação pode mesmo dar conta desta enorme expectativa? Segundo o cientista da educação Rui Canário, da Universidade de Lisboa, a imaturidade política e social que nos caracteriza é proporcional ao grau de escolarização de nossa sociedade. Quanto mais uma sociedade se escolariza, quanto mais coloca suas crianças na escola, mais esta sociedade produz imaturos políticos e sociais, e os responsáveis por isso são, entre outras coisas, a excessiva fragmentação dos saberes e o isolamento da escola.

 Influenciada, por um lado, pela industrialização que chegava, e, por outro, pelo regime militar que passou a vigorar no Brasil, nossa escola foi se estruturando como uma linha de montagem, um modo de produção que fragmentou o trabalho humano, tendo em vista o aumento da produtividade. A hiper-especialidade, o ensino voltado ao “científico”, movido pela euforia tecnicista, as inúmeras aulas de 50 minutos, sem conexão entre si, sem contexto ─ nos levaram a uma sociedade que desaprendeu o valor do todo, do global, do complexo.

E nos tornamos especialistas cada vez mais fragmentados, desvinculados das grandes questões humanas, sociais, planetárias. E vamos vivendo acoplados a uma parcela tão pequena da realidade que chegamos a esquecer quem somos, o que buscamos. Se, por um lado, a fragmentação do ensino respondia à necessidade de produzir uma educação “em massa”, por outro, atendia à fundamentação ideológica do novo regime, avesso à reflexão e à crítica, como mostram as denominações que ainda hoje usamos: grade curricular, disciplina, prova.

Com tudo isso, fomos formando pessoas cada vez mais segmentadas, incapazes de responder às grandes questões, e que hoje vivem em um mundo que as obriga a dar conta de temas cada vez mais complexos, como o destino do planeta, a internet, a globalização.

 “Há uma inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre os saberes separados, fragmentados, compartimentados entre disciplinas, e, por outro, realidades ou problemas cada vez mais transversais, multidimensionais, transnacionais, globais, planetários.” Edgard Morin

Assistimos ao nascimento de um novo modelo de mundo, sem grandes valores fixos e eixos centrais, mas fundado em diversas conexões, formando uma imensa rede sem centro, composta de uma infinidade de jogos e saberes, que se aglutinam e se afastam, que se estendem. Na era tecnológica, a verdade, a certeza, a estabilidade, o princípio, a causa, tão caras à ciência, se tornaram sinônimo de nada, perderam o valor, mas, se estes grandes valores, que tanto já nos oprimiram, desabaram, talvez a urgência seja exatamente de um novo olhar, um novo posicionamento com relação ao mundo, nascido de uma nova correlação de forças, de novas avaliações e novos valores. E isto exige pessoas inteiras, capazes de olhar o mundo, as situações, como um todo, ao mesmo tempo em que são capazes de neles se localizar de forma singular, própria.

É muito difícil falar sobre este universo que nasce, tentar imaginar qual será a estrutura gramatical capaz de dar conta destes infinitos discursos. Mas precisamos admitir que os meios não são mais os mesmos, hoje vivemos em rede. A palavra mais pronunciada é, provavelmente, conexão, ou link. Mas nós, professores, alunos, pais, continuamos apertando botões na linha de montagem de uma fábrica em extinção. Torna-se, portanto, urgente reconstruir o modo como estruturamos nossos saberes; a escola, começando pela universidade, precisa rever seus modelos. E, para isto, é imprescindível enfrentar o problema da fragmentação dos saberes, de uma escola desvinculada do contexto social, ambiental, cultural, político.

A escola deve ser um corpo vivo. E deve envolver também os espaços públicos e as festividades, deve ir aos concertos, as exposições de arte, aos museus e bibliotecas, aos centros de pesquisa, as reservas ambientais, enfim, a escola deve ir à cidade. E a cidade deve se preparar para recebê-las, construindo espaços de convivência e de relação, e assumindo seu papel no processo educativo, ao invés de lavar as mãos, enquanto isola jovens e crianças em escolas, que mais se parecem a presídios de alunos. E espera cidadania quando oferece exclusão.

Torna-se urgente retomarmos a difícil complexidade que é viver, pensar, criar, conhecer; todas as coisas se relacionam, não há nada realmente isolado, cada gesto produz desdobramentos incalculáveis; um saber, uma escola, uma pessoa não existe sem um contexto: talvez este seja o aprendizado social, a maturidade política que precisamos, para impedir que as coisas, de uma vez por todas, implodam.

Viviane Mosé
Filósofa

Referência eletrônica em 04/08/11 - vivianemose.com.br